Rastreamento de Infiltração – Diagnóstico Técnico
Rastreamento de Infiltração – Diagnóstico Técnico
Realizámos uma pesquisa de avaria não destrutiva com o objetivo de identificar a origem dos danos provocados por humidade que estão a afetar o teto e as paredes da casa de banho da fração ao nível do rés-do-chão esquerdo. Esta intervenção teve como foco principal o rastreamento de infiltrações e a avaliação técnica detalhada das zonas afetadas.
Durante a análise inicial, observou-se o descolamento do estuque, empolamento da pintura e presença de fungos. Estes indícios levaram à utilização de um scan de humidade, capaz de detetar infiltrações até 10 cm de profundidade, permitindo identificar níveis elevados de humidade junto à prumada comum de esgotos do edifício.
As medições horizontais e verticais revelaram que a humidade se mantinha elevada em praticamente toda a extensão da parede, com valores máximos de leitura registados em várias secções.
Prosseguimos com medições nas restantes paredes da casa de banho, verificando que a parede oposta à janela apresentava níveis moderados de humidade, enquanto a zona acima da porta de entrada se mantinha seca. Foram ainda detetadas anomalias térmicas no teto e nas paredes, confirmadas através de uma câmara termográfica de alta precisão.
De seguida, deslocámo-nos à fração do 1.º direito, onde foi identificado um teto falso em pladur com manchas próximas à prumada de esgotos. Foi utilizada uma câmara de inspeção, introduzida por um dos focos de iluminação, para avaliar o interior do teto falso. Observou-se empolamento da pintura e oxidação na estrutura metálica do pladur.
Após esta observação, realizaram-se testes de carga nas canalizações de esgoto com água quente, verificando-se o comportamento térmico nas frações inferiores. Nenhum teste indicou infiltrações ativas.
Com a ajuda da câmara termográfica, mapeámos o trajeto das canalizações da casa de banho, confirmando que se encontravam em boas condições. No entanto, durante a inspeção da zona húmida do duche, foram detetadas deficiências no isolamento, nomeadamente falta de vedação nos orifícios das canalizações e ausência de betume nas juntas cerâmicas, permitindo a passagem de humidade.
Procedeu-se também à verificação da fração 2.º direito, onde se identificaram níveis elevados de humidade junto à prumada de esgotos. A análise revelou infiltrações associadas à má separação dos sistemas de drenagem, uma vez que os esgotos estavam indevidamente conectados à caleira pluvial da cobertura.
O Regulamento Geral das Edificações Urbanas (RGEU) determina que as águas pluviais e as águas residuais devem ter sistemas de drenagem independentes. A mistura entre ambos pode causar contaminação cruzada, sobrecargas no sistema e infiltrações nas frações inferiores. No caso analisado, foi constatado que a prumada comum servia simultaneamente esgotos e águas pluviais, o que é tecnicamente incorreto e ilegal.
Foi realizada uma inspeção visual interna à prumada de esgotos com recurso a câmara de inspeção. A análise revelou múltiplas anomalias, incluindo fissuras, perda de material nas uniões e acumulação de resíduos orgânicos que dificultavam o escoamento. O tubo, constituído por manilhas de grés vitrificado, apresentava degradação acentuada ao longo da sua extensão.
Verificação Adicional – Tubo Metálico na Cobertura
Na cobertura, foi identificado um tubo metálico aberto junto à prumada, cuja função é desconhecida. Esta abertura permite a entrada de águas pluviais no sistema, representando risco de infiltração direta nas frações inferiores. Recomenda-se a sua verificação e isolamento adequado.
Inspeção das Frações do Lado Esquerdo
Nas frações do lado esquerdo (RC Frente, 1.º Esquerdo e 2.º Esquerdo), foi detetada humidade associada à prumada de esgotos. As inspeções com câmara de inspeção e scan de humidade confirmaram danos no isolamento de juntas cerâmicas e falhas nos vedantes entre base de duche e paredes, especialmente nas zonas húmidas.
Os testes de carga realizados na fração 2.º esquerdo, com utilização de água quente e observação térmica simultânea na fração inferior, não registaram infiltrações ativas. No entanto, as deficiências estruturais no isolamento e betumação exigem manutenção preventiva.
Conclusão do Diagnóstico
Conclui-se que as canalizações de esgoto das frações inspecionadas não apresentam anomalias estruturais, contudo foi verificada a necessidade de manutenção e substituição de vedantes em zonas húmidas. A prumada comum, por outro lado, apresenta ligações irregulares e fissuras nas manilhas de grés, exigindo intervenção urgente para evitar novas infiltrações.
Recomendações Técnicas
Recomenda-se a separação imediata dos sistemas de águas pluviais e residuais, conforme o RGEU. Deve ser estudada a substituição integral da tubagem em grés vitrificado por PVC, com ligações estanques e inspecionáveis.
Nas frações, deve-se efetuar manutenção das zonas húmidas com remoção de vedantes antigos, aplicação de produtos específicos para ambientes sanitários e isolamento adequado por trás dos espelhos das misturadoras. Estas medidas são essenciais para prevenir futuras infiltrações e prolongar a durabilidade das estruturas internas.
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